Alguém aí já ouviu falar ou sabe o que é a Reforma Ortográfica? Na verdade, esta reforma se enquadra dentro de um acordo que visa a unificação da escrita do português nos países que o adotam como língua oficial. A isto chamamos de lusofonia. Em outras palavras, extingui-se as diferenças gramaticais do português falado em cada um desses países. A partir de agora todo mundo vai escrever da mesma forma. Loucura? Não, caros colegas, realidade. O acordo foi firmado em 1990 pela Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), então com sete membros – Brasil, Portugal, Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, e mais tarde Timor Leste. Porém, de lá pra cá, sua implantação foi adiada sucessivas vezes e um novo acerto firmado em 2004 o oficializaria de vez. Entretanto, Portugal, o país matriz da língua não queria seguir adiante com a idéia. E após muita especulação, acabou cedendo a idéia no mês passado. Isto é ótimo, certo!? Errado!!! A tal reforma, diferentemente do que se pensa, não democratiza a língua, pelo contrário, só a empobrece. Obscurece o sentido das palavras. Em suma, é um pequeno passo atrás para os países de língua portuguesa e um grande salto para quem vai lucrar com ela. A sintaxe vai para o brejo. Não satisfeitos em mandar para a lixeira os tremas, acabarão com os hífens e os acentos tônicos. Agora sim, como diriam Lulu Santos e Herbert Vianna em seu roquinho dos 1980: Assaltaram a Gramática. Em tempos de internetês, onde escrever errado e apressado é quase uma exigência; onde palavras inabreviáveis ganham abreviações toscas (tb, qnd, ñ); onde palavras com sílabas cacófonas ganham incremento “muderno” (kda, eh, alg1), quem liga para reformas? Sempre foi verdade que a linguagem que os jovens – leia-se, adolescentes – utilizam na internet mexia com a ortografia, mas a gramática sempre se preservava. Com a reforma ortográfica, a coisa muda. E o bicho pega. Ficará tudo agora por ordem da (má) educação. Professores de Português, uni-vos! Uni-vos para celebrar a natureza da estupidez, o núcleo duro do miolo mole. Reflitam, amigos. E leiam mais. Só a leitura nos ensina de verdade e a falar e escrever bem. Ou vamos retroceder.
(Agradecimentos pela colaboração a Reinaldo
Lourenço e Jerônimo Teixeira, colunista e
repórter da revista VEJA)
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